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07/03/2016 | DIA INTERNACIONAL DA MULHER
Todos os dias, eu acordo pensando que é hora de mudar a minha vida: talvez eu devesse entrar no doutorado, retomar o curso de Inglês, me matricular na academia ou mudar a cor do cabelo. Olho o despertador e me convenço que cinco minutos a mais na cama não serão ruins. Afinal, são só cinco minutos em 24 horas, que mal há nisso? Nenhum mal, se esses cinco minutos não se tornassem trinta, quase todos os dias.
E assim começa o dia, já recheado de preocupações próprias: casa, marido, filhos, trabalho, contas... Enquanto eu leio as notícias no celular, escuto minha rádio predileta e falo com as minhas amigas pelo whatsapp sobre estratégias eficazes para a perda de peso ou sobre o resultado dos jogos do final de semana. Comentamos a última delação premiada e – kkkkkkkkk – alguém manda uma piadinha para descontrair o papo! Será que as crianças têm lição de casa? O que vou fazer para o almoço? Ai, esqueci que hoje é dia de entregar aquele relatório no trabalho. E agora? A aceleração já tomou conta do meu dia que começara tão preguiçoso pouco tempo atrás.
Mil coisas ao mesmo tempo, cabeça cheia de pensamentos desencontrados. A panela com o feijão está no fogo, os minutos passam rapidamente. Eu percebo que aqueles minutos que eu fiquei enrolando seriam preciosos agora. Vou me atrasar para o trabalho, de novo. Mas depois eu compenso, como sempre. Oh meu Deus, como eu queria ter um teletransportador ou uma máquina capaz de parar o tempo. Ah, e também um aparelho de maquiagem express e um aspirador à vácuo de gordura corporal para aquele vestido que me servia tão bem há 2 anos atrás continuar entrando no meu corpo.
Chego ao trabalho e são tantas coisas para falar com meus colegas que um café vai muito bem. E café com bolachinhas então... É perfeito! As amigas do outro setor marcam um café para logo mais... E mais café, e mais bolachinha, e mais risada. E assim o tempo vai passando. A coisa mais legal do trabalho são os amigos que tenho por lá. Tudo se torna mais fácil e mais divertido quando a gente gosta do que faz e tem amigos por perto.
E haja trabalho: aquele relatório precisa de mais informações. Aquele mandado tem que ser cumprido hoje, tomara que eu encontre o cidadão que eu devo intimar. Hoje vou minutar 20 sentenças. Putz, amanhã tem reunião na escola das crianças! Vou ligar para o marido e dizer que nós poderíamos comer uma pizza mais tarde. Estou com preguiça de cozinhar, estou cansada... Eu não deveria comer pizza, engorda. Ande, ainda faltam 20 sentenças... Esse tempo não para!
Hora de voltar para casa e nada de sentar no sofá. Esse dia merece terminar com uma cerveja. Deixa eu terminar de arrumar tudo, que aí eu sento e vejo um bom filme! Oba, terminei. Estou exausta! Ainda bem que tem a pizza! A cerveja fica para amanhã. Prometo! E o dia termina... enquanto eu durmo, faço novas promessas inconscientes, novos planos... É necessário que tudo recomece algumas horas depois. E em algum dia entederemos que nesta rotina reside a nossa felicidade.
Esse texto é dedicado especialmente a todas as mulheres que, como eu, acordam todos os dias com a missão de transformar o mundo. Não um mundo em abstrato ou um exercício de utopia, mas um mundo real, um mundo feito por gente de verdade. Um mundo onde dois e dois são quatro, mas podem ser cinco ou seis, caso haja mais pratos na mesa. Se o Dia da Mulher tem alguma função é só pra fazer com que nos lembremos que ser mulher é muito especial, afinal, somos o único sexo capaz de fazer mil coisas ao mesmo tempo – sem perder a beleza! Nós somos caóticas, mas o nosso caos faz do mundo um lugar mais divertido, mais leve e mais barulhento. Sim, nós falamos demais! Mas também, com tanta coisa na cabeça, não poderíamos ser diferentes. O mundo que nos escute.
Parabéns a todas as mulheres!
Aline Pereira Menezes
Servidora da JF de Curitiba